Seu ideal de escrever livros surgiu da necessidade de reviver e preservar o passado.
Recolheu fotografias na tentativa de deter o tempo para resgatar lances esquecidos da história de sua cidade natal BALIZA, denominada por ele: “nosso cantinho de saudade”.
Em sua crônica “Recordar é vive” fala dos pontos principais da casa onde morou e que hoje não existe mais, da Igreja Matriz, arquitetura de 1935, que viu construir.
Recorda-se das danças folclóricas e das serenatas preservadas pelos artigos moradores descendentes de nordestinos assim como ele, amantes das tradições e que o ensinaram a valorizar e preservar a cultura regional.
Hoje ao deparar com o descaso diante de PATRIMÕNIOS CULTURAIS, indaga-se:
“O QUE ACONTECEU?”
No seu entender, o patrimônio cultual é o mais sagrado tesouro a ser preservado.
É o tempo no espaço… …
É o Homem no seu momento… …
É História nas suas raízes… …
É a vida eternizada… …
Pergunta-se:
“Por que transformar e destruir as marcas do passado?
Há patrimônios que representam memórias… E destruí-los é um sacrilégio!
O homem, com sua rebeldia e na angústia de mudar, muitas vezes estragar, está compromete seu próprio planeta, a TERRA, transformando-a em deserto inabitável, solo infértil, sem condições de habitação natural nem social; e até sem marcas para recordações…
Em seus livros, Valdon Varjão conta histórias e estórias, fatos pitorescos e casuísticos, muitos dos quais teve a satisfação de testemunhar.
Sua intenção aspira a uma finalidade específica, cuja objetividade é divulgar esta região, o que sempre vem sendo omitido nos compêndios que tratam da história de Mato Grosso, seja por falta de informações ou desconhecimento dos fatos por parte de quem tem a obrigação de registrá-los.
A história da vida de Valdon Varjão se confunde com a própria história de Barra do Garças e sua vida está inscrita nos corações, nas mentes e na vida de muita gente desta região.
Considero este seu trabalho incrementador de raízes culturais, éticas e morais da sociedade com a qual honrosamente de conviver e teve a satisfação de aprender como tem valor um trabalho pioneiro de divulgação, pois a origem de seu conteúdo vem dos pioneiros, corajosos e intrépidos guerreiros que desbravaram esta região. Homens como Antônio Cristino Côrtes, Antônio Paulo da Costa Bilego e muitos outros que ao longo da vida conheceu, foi contemporâneo.
O fato marcante em seus escritos é o amor desprendido que devota aos valores culturais da região, a busca imperiosa de que seja conhecido e preservado tudo que diz respeito a memória e a história de Barra do Garças e a certeza de seu conhecimento pelas gerações futuras.
“Se perdermos o testemunho do nosso processo cultural e histórico,
Acontecendo, ficaremos empobrecidos, sem memórias… Não teremos
Nada registrado que diga sobre nossas tradições e costumes…”
Todas as vezes que visitava a cidade onde viveu sua infância, Baliza, voltava decepcionado e se indagava: “O que fizeram de minha cidade ?”
Desta decepção surgiu a luta e a vontade de preservar o patrimônio histórico-cultural.
Da cidade que escolheu e que o acolheu, que ajudou a construir e do qual esteve presente em todos os seus momentos felizes e infelizes e estabelecendo um diálogo utópico consigo mesmo diz a presente mensagem :
“Sigo em frente, pois daquela baliza faustosa visionária da minha mente, hoje só restam quimeras de saudades e recordações. Um dia também serei transformado, e que esse dia não seja breve. Defronto-me com a realidade, porque sei que tudo na vida tem um fim.. E hoje eu quedo absorto e me pergunto: a propósito , onde andam meus passos ?”
Malba Thania Alves Varjão
Linda foto. Texto maravilhoso! 🙏